M. C. Escher, artista gráfico holandês, foi sem dúvida um dos criadores mais importantes do século XX. Sua obra, marcada por padrões geométricos, isometria, cruzamentos e entrecruzamentos, transformava a matemática em arte ao exprimir conceitos e fórmulas em gravuras. Mais do que isso, sua obra é lembrada e celebrada hoje em dia por abordar o conceito dos ciclos infinitos, sistemas que, por ilusão de ótica, partem de um ponto inicial e voltam para esse mesmo ponto de uma maneira que desafia a lógica, como sua famosa cachoeira exemplifica. Uma obra tão inovadora, que brinca com noções de espaço e física, não entraria para a história sem deixar de inspirar dezenas de trabalhos de ficção (e render algumas exposições, também, incluindo uma alguns anos atrás no Rio da qual sou bastante frustrado de não ter ido - mas não nos prolonguemos nisso).
A jogabilidade de Monument Valley é bastante simples e intuitiva: os toques do jogador movem Ida. Eventualmente ela encontra alavancas que podem ser usadas para mover ou alterar o cenário, transformando-o em uma ilusão de ótica escheriana que Ida pode usar em sua vantagem para chegar em pontos antes inalcançáveis. A simplicidade das mecânicas é contrastada pela riqueza da direção de arte e do estilo visual de Monument Valley. Mesmo na tela pequena de um smartphone a "sagrada geometria" não tem seu brilho diminuído, transformando o jogo em mais uma prova de que mesmo com recursos limitados é possível fazer muito. O mundo de Escher ganha mais cor e novos tons de poesia, em uma homenagem sólida e com personalidade.
Há outros pontos inerentes a Monument Valley que também não são universais: o principal é que o jogo é muito curto. Jogadores experientes em puzzle podem terminá-lo em uma hora e meia, mais ou menos. Mesmo quem não tem costume com o gênero não deve tomar muito mais do que isso - Monument Valley é fácil, em termos diretos, o que pode também ser negativo para alguns. Eu, porém, acredito que a Ustwo sabia exatamente o tipo de experiência que queria oferecer e entregou justamente o que planejou: uma experiência artística, autoral, que dura o tempo exato que precisa durar. Quem ainda sentir vontade de mais após terminar o jogo pode comprar a expansão, Forgotten Shores, que adiciona oito novas fases. Seja como for, quem aprecia aventuras curtas e experiências ricas em cor, criatividade e beleza tem nas veredas escherianas de Monument Valley um caminho interessante para percorrer.
Data de lançamento: 2014
Onde jogar: Sistemas Android e iOS
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